Muros, grades, portas, arames farpados... Cercas físicas e elétricas, correntes e cadeados. Tudo o que protege da escuridão do desconhecido nos separa, também, da luz. Alguém precisa dar mais atenção, à influência das tantas barreiras físicas, que nos impedem de nos aproximarmos uns dos outros. Em pleno século 21, voltamos à Idade das Trevas, época de violência e medo.
Estou convencido que o isolamento cada vez maior e sua consequente intolerância, irritabilidade e estresse percebido em nossa vida diária, nascem psicológicamente das barreiras que criamos em nossas propriedades, especialmente em grandes centros urbanos.
Para mim, o recado transmitido por uma porta sólida, gradeada e com um olho mágico sempre foi evidente: estou desobrigado de atender! Vejo o outro lá fora, mas permaneço oculto em minha toca, acuado, indisposto. Ao sair, recorro ao vidro escuro do automóvel, novo manto da invisibilidade. Tudo é feito para escapar do constrangimento da exposição.
Também o recado de um muro alto é claro; você não é bem-vindo. Seu olhar deve permanecer de fora, não quero ouvir o som que você produz, em nada me interessa quem está do outro lado! Além do mais, a ignorância sobre a vizinhança é reconfortante; poupa-nos de todo e qualquer impulso de solidariedade. Desculpa-nos de eventuais omissões!
O recado de um porteiro eletrônico é frio como a voz metalizada: convença-me de quem é você, diga o que deseja, seja convincente! O recado do segurança que nos prende em eclusas é explícido: desconfio de você a ponto de cercear arbitrariamente sua liberdade, pela simples ousadia de querer entrar. O recado de uma cerca elétrica é ameaçador: perigo! E o cão que ladra avisa que morderia antes mesmo da invasão, pois foi treinado para farejar, em todos, potenciais inimigos.
Assim, para saírmos de nosso lar em direção à casa de alguém é preciso, primeiro, ter coragem para enfrentar a "Escuridão" do espaço público. Depois, aceitar o fato de que tôda está atitude apenas nos transforma em seres insensíveis, medrosos e potencialmente perigosos.
Por fim, precisamos conferir quais foram nossas conquistas civilizatórias, nas últimas décadas e, ali, reconhecer o poder das trevas! E recarregar nossas munições com doses elevadas de paciência, perseverança, amor, simpatia e fé. Procurando alcançar a harmonia cálida e reconfortante da luz das almas!
Tenham uma ótima semana, um grande abraço. Fiquem com Deus, Alex.
Nenhum comentário:
Postar um comentário