sábado, 3 de setembro de 2011

LEITURA ,IMPORTÂNCIA E DIFICULDADES !!!




Ouço seguidamente no táxi a perplexidade dos pais em relação a leitura e a interpretação de textos de seus filhos. Os jovens vivem atualmente com tantas facilidades da mídia eletrônica, televisiva,e também editorial, que trazem as informações e as literaturas de forma muito mais detalhada, ilustrada e interativa, levando-os a ter menos contato com os livros. Sem este contato os jovens não conseguem decifrar o que está subentendido nos textos, prendendo-se somente à superfície das palavras. 

Muito se tem falado ultimamente sobre a importância da leitura. São várias as preocupações de pais e educadores no que se refere às exigências sociais associadas a ela, seja em função de atividades profissionais que exigem domínio da linguagem escrita, comunicação verbal eficiente, boa redação, entre outros aspectos; ou em função de necessidades mais gerais, relativas à inserção social, o que demanda saber ler diferentes tipos de texto, estar bem informado, ou saber utilizar o nível de linguagem adequado a diferentes conversas.

Ainda que existam, hoje, muitas mídias que viabilizam o acesso rápido e irrestrito a informações úteis para a vida cotidiana, o texto escrito é ainda o meio fundamental de obtenção do conhecimento, uma vez que ele oferece ao leitor possibilidades de interpretação e, portanto, maior autonomia. Quando lemos, também construímos os sentidos, pensamos livremente, elaboramos nossas indagações e recusamos, confirmamos e/ou redefinimos respostas. O leitor é aquele que reescreve o significado do texto a partir de sua interação com as intenções de quem escreveu.

Se a leitura é de tanta importância em nossas vidas, a constatação de que nossos filhos leem mal desperta grande inquietação, além do desejo de ajudá-los no processo de aquisição da capacidade de ler com eficiência e inteligência.

O primeiro passo para ensinar a ler textos de maior complexidade é justamente o de compreender o quão complexo pode ser, para as crianças e jovens, um texto que para nós, adultos, é relativamente fácil ou óbvio. Nesse processo, não existem o óbvio; o que é claro e evidente para mim nem sempre o é para uma criança. Ela detém um repertório mais restrito, tanto de palavras quanto de experiências.

Ensinar a ler exige a intervenção ou a mediação ativa de quem propõe a leitura, sejam pais ou professores. Tomando o cuidado de não ler para a criança, substituindo sua experiência de leitura, é preciso ler com a criança, questionando-a sobre passagens que ocultem os subentendidos importantes para a compreensão global do que se lê, além de estabelecer relações de significado que, de outro modo, passariam despercebidas.Assim, estaremos ensinando que ler é mais do que decifrar letras: ler é pensar sobre o que se lê. E isso fará toda diferença no futuro.

Outro elemento importante para permitir o aprendizado desta atividade é possibilitar o acesso da criança à maior variedade possível de textos, em diversas situações sociais de leitura. Charges ou tirinhas de jornal, por exemplo, muitas vezes não são compreendidas pelos mais jovens. “O que tem de engraçado aqui?” perguntam-se. Isso ocorre quando o efeito de humor passa por um dado cultural desconhecido pelo jovem leitor; esse dado pode ser apenas uma palavra de duplo sentido, ou até mesmo um pressuposto que exige o reconhecimento de fatos políticos ou históricos. Propagandas estabelecem relações de sentido que podem ser inferidas de acordo com a intenção daqueles que as produziram e com o público a que se destinam os produtos. Uma notícia pode ser escrita com diferentes intenções, visando fins que não são apenas o de informar. Da mesma maneira, um artigo de opinião pode refletir tendências ideológicas do periódico que o publica. 

Compreender essas relações não é fácil, nem pode ser dado como pré-requisito. Ninguém sabe tudo de antemão; ou seja, a criança precisa ser ensinada a ler com profundidade. Ao questionarmos nossos filhos sobre todas essas complexidades, em diversas situações sociais, estaremos evidenciando a eles que ler envolve “um montão de coisas”, o que provavelmente os induzirá a lerem não só com maior atenção, mas também de modo mais inteligente.

Por último, mas não menos importante. A atitude do adulto diante da leitura deve ser positiva, se ele quer influenciar o jovem a ler mais e melhor. Essa postura positiva envolve necessariamente um envolvimento afetivo com o que lê. O adulto é quem oferece um modelo de leitura para o aluno-leitor, servindo-lhe de exemplo e espelho. Caso a criança não reconheça nas atitudes do adulto, seu modelo, a importância da leitura, qualquer estratégia será em vão. Continuamos ensinando melhor por nossos exemplos que por nossos discursos.
Uma ótima semana, fiquem com Deus. Muitas leituras e um grande abraço, Alex.

Um comentário:

  1. Trabalhei na área de educação e concordo plenamente.
    "Decifrar letras" sem captar a mensagem central do parágrafo ou o arremate intelectual/crítico de questionar, filtrar e digerir o conteúdo é parar na informação sem transformá-la em conhecimento. Um grande desperdício.
    Nunca somos os mesmos ao terminar a leitura de um bom livro. Jornais, revistas e artigos virtuais também têm o seu valor.

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