sábado, 26 de novembro de 2011

CRIANÇAS, EDUCAR OU SUPERPROTEGER ???



Sou muitíssimo a favor de leis que regulamentam a maneira de se viver em sociedade,  que têm,  no Brasil, exemplos mais recentes na lei anti-fumo,  e a lei que proíbe beber antes de dirigir, a lei seca.

Não fumo e fiquei muito feliz com a primeira. Com a segunda, fui a vítima clássica da nova diretriz, pois no passado distante bebi pouco mais bebi e dirigi. Mas a considero ótima, o importante é que os índices de morte no trânsito caíram drasticamente com ela. Só lamento que esta lei seja tão mal fiscalizada.

Agora, claro existem leis bastante estúpidas, como é o caso da nova Lei das Palmadas, o projeto proíbe palmada, beliscão ou qualquer tipo de castigo físico que provoque dor em crianças, adolescentes. No entanto, não é qualquer pai que vai pra cadeia por bater no filho. O alvo principal do projeto não é o “beliscão ou palmadinha”, mas casos como de Isabela Nardoni, em que o pai e/ou a madrasta acharam que a criança era uma bola e a arremessaram da janela do apartamento, só pra ver se ela voltava quicando. Não voltou.

Bom, o caso dos Nardoni foi resolvido na esfera criminal, como era de se supor em situações como esta. Problemas de espancamento de crianças normalmente vão parar nas delegacias – ora os vizinhos, ora professores ou colegas da vítima denunciam e o caso vai parar no colo das autoridades.  Espancar crianças já é crime, como, aliás, espancar qualquer pessoa também o é.

Teríamos, pois, uma novidade se a diretriz fosse feita para coibir as palmadinhas, e seria impossível fiscalizá-la se assim fosse, além de consideravelmente inútil. E, não sendo assim, tem-se uma lei completamente redundante e populista. 

Com o oportunismo desta lei o governo investe para tirar uma boa meia dúzia de votos  daquela classe média conservadora superprotetora em relação aos filhos, aquele povo que para o carro em fila dupla na frente da escola só para o filho não ter que dar dez passos pra entrar no carro na próxima esquina. É esta classe média que supervaloriza o papel da criança na sociedade e que transforma os pequenos humanos em seres mimados e pouco capazes de se virarem sozinhos, que hoje infestam as escolas e faculdades, e em bem pouco tempo dominarão os postos de trabalho.

E este zelo excessivo para com as crianças não é um fenômeno brasileiro. Talvez tenha começado nos Estados Unidos, onde todo mundo tem medo de tudo e os pais escondem armas em casa, para o caso do filho ser acordado de madrugada por um terrorista, que claro vai querer explodir o filho dele com uma bomba atômica. E essa maluquice se espalhou.

Na Copa do Mundo da África do Sul, a Seleção Francesa caiu fora na primeira fase, após a desclassificação os jogadores cinicamente emitiram um comunicado público no qual pediam desculpas às crianças francesas pelo mau exemplo.Quando o golfista Tiger Woods foi pego em um escândalo sexual, anunciou ser viciado em sexo e também emitiu comunicado desculpando-se  perante todas “as crianças do  mundo que me admiram”. Por favor, criança também pensa em sexo, ao contrário do que muito gente imagina. As que não pensam, um dia irão pensar. Não tem nada que se desculpar. A vida é sua e você a usufrui da maneira que melhor lhe convir.

Há pouco tempo, trafegando em um condomínio fechado, vi placas com a inscrição: DIRIJA A 20 KM/H. NOSSAS CRIANÇAS BRINCAM NESTAS RUAS. É claro que eu também passaria devagar ali se a placa tivesse apenas a inscrição DIRIJA A 20 KM/H e não o restante brega da sentença, mas não pude deixar de imaginar crianças daquele condomínio fitando o carro com seus sorrisos remelentos e prepotentes a pensar “Você vai devagar porque aqui eu posso tudo. Minha mãe e a síndica me falaram”.

Enfim, há uma febre de superproteção às crianças, endossada por adultos que andam perdendo a noção do ridículo, o que só acaba gerando crianças que se transformarão em adultos mimados, despreparados para lidar com problemas e, consequentemente, ridículos. Tratemos, bem as crianças e valorizemo-as com o devido respeito sempre, mas nunca se esquecendo de que brincar na rua, levar pontos em acidentes banais, chegar em casa imundo, ouvir eventualmente o palavrão “não” e tomar umas palmadas na bunda de vez em quando fazem parte do aprendizado de tornar-se adulto. Grandes seres humanos têm menos chances de serem formados no imaginário mundo da superproteção. 

Fiquem com Deus, vivam e deixem nossas crianças viverem... Tenham uma ótima semana e um grande abraço, Alex.

6 comentários:

  1. Muito bom o seu texto. Considerando apenas casos da esfera criminal, cometido por pessoas desajustadas, está se criando a cultura da generalização. Onde todos são olhados de forma igual, sem que seja observado os diversos contextos.
    Pais superprotetores causam quase tanto estrago quanto pais severos extremados. O excesso de severidade cria pessoas violentas, mas, o excesso de mimos cria pessoas despreparadas para a vida, e a falta de limites cria tiranos e delinquentes.
    É preciso que pensemos que sociedade estamos criando.
    Direito é uma conquista, e precisa da contra-partida do dever.

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  2. Amigo Alex, já apanhei de sarrafo, de mangueira d'agua, fio de luz, meu pai ameaçou-me de morte diversas vezes dizendo que ia beber meu sangue, com um punhal em meu pescoço ou uma pistola na minha cara e isso tudo quando tinha eu entre 10 e 12 anos, nunca virei bandido ou surrupiei nada de ninguém, tão pouco maltrato meus filhos.
    Mas uma palmadinha de vez em quando, de leve é claro torna-se necessária. Quanto aos espancamentos, cadeia nesses monstros.
    Grande abraço amigão!!!

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  3. Concordo, seu texto é excelente!
    Se por um lado, há pais "malvados" ao extremo, do outro há os "bonzinhos" em excesso, tem que haver um equilíbrio nisso tudo... Acho que o Gilson Tavares, disse exatamente o que eu penso! ;]

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  4. Texto polêmico mas muito necessário.
    A sociedade precisa opinar.
    O ECA acabou com os jovens que não têm estrutura familiar ou alguma tendência ao erro, porque proíbe qualquer punição.
    Agora vem mais esta. Na verdade, o que eu acho é que as pessoas estão cada vez mais complicando. O que o Estado deve fazer é melhorar a política social, principalmente a educação.

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  5. Prezado Alex,
    Uma excelente abordagem sobre o tema.
    De fato está muito complicado hoje em dia.
    O Estado quer tirar algumas responsabilidades e direitos dos pais. E pior!! Se a criança vira um delinquente, ainda tem o Estado para passar a mãozinha na cabeça e falar que é assim porque sofreu em casa.
    Tenho visto muita coisa errada. Mas essa história de Lei da Palmada é mais uma cretinice do mundo moderno.
    Todos os comentários aqui deixados são excelentes. Como disse o amigo Gilson, "que mundo estamos criando?"
    Um grande abraço

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  6. ABRI SEU BLOG AGORA! E CONFESSO QUE ESTOU MARAVILHADO COM SEU BLOG! ME CHAMO ALEX DIONE ,ESTA MATÉRIA SOBRE A LEI DA PALMADA É RIDÍCULA MESMA ,EU QUANDO CRIANÇA APANHEI TAMBEM !E AGRADEÇO AOS MEUS PAIS ,PORQUE DE FATO MERECI PARA SABER COMPREENDER OS LIMITES DE UMA EDUCAÇÃO DECENTE !HJ O QUE VEMOS CRIANÇAS ,ADOLECENTES E ADULTOS ARROGANTES PREPOTENTES SE SENTINDO DEUSES SOBRE A TERRA ! QUE NAO PASSAM PESSOAS IMATURAS , INEXPERIENTES SEM BRIO ALGUM ,VIRAM RIDÍCULOS! ISTO PODE EXPLICAR O EXCESSOS DE PESSOAS ABALADAS PSICOLOGICAMENTE QUE SE TRANSFORMAM EM ZUMBIS DE TANTO REMÉDIOS QUE CONSOMEM PARA TRATAMENTO DEEPRESSAO SINDROMES DIVERSAS!ABRAÇAO!

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